Católicos de Campo Grande vão celebrar o Corpus Christi na Praça do Rádio Clube nesta quinta-feira (19). A movimentação vai começar às 7h, com a confecção dos tapetes, e terminar só a noite, com programação musical. Além de feriado nacional, a data comemora o Corpo de Cristo, que está presente na eucaristia para os religiosos, e é famosa pelas procissões com tapetes decorados.

A programação da arquidiocese de Campo Grande inclui missa, procissão, show gospel e visitas a hospitais, presídios e Uneis (Unidades Educacionais de Internação). Nesta quinta-feira, as paróquias da capital vão suspender as missas para celebrar o Corpus Christi em unidade na praça do Rádio, onde a arquidiocese de Campo Grande espera reunir público de 60 mil pessoas ao longo do dia.

Programação completa

O dia começa cedo para os voluntários católicos das paróquias da capital. A partir das 6h inicia-se a confecção dos mais de 2 km de tapetes, com pó de serra, borra de café, casca de ovo, tinta e outros materiais. Cada paróquia é responsável por um desenho e a arquidiocese espera ter mais de 4 mil voluntários nesse processo. Para se ter ideia, o tapete do Santuário Perpétuo Socorro utilizará 300 kg de sal tingido, terá 26 metros e será decorado com o brasão do Papa Leão XIV.

Às 9 horas, sacerdotes da Igreja Católica levam o Santíssimo Sacramento a locais onde as pessoas estão privadas de terem contato com a eucaristia, como hospitais e unidades prisionais. O arcebispo de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa, deve participar de uma dessas visitas.

A principal programação do dia na capital é uma missa às 15h, presidida por Dom Dimas na Praça do Rádio Clube, Av. Afonso Pena. Ao final da celebração, o arcebispo metropolitano vai conceder uma indulgência plenária aos fieis, benção apostólica rara e carregada de valor espiritual, possível apenas em ocasiões especiais, segundo a arquidiocese.

Após a missa, a procissão com o Santíssimo Sacramento vai sair da Av. Afonso Pena em direção à Rua 13 de maio, até chegar à Av. Fernando Corrêa da Costa, em frente ao prédio da Fundação de Cultura. É lá que o dia de comemoração termina com show gratuito do cantor católico Patrício Rocha, a partir das 19h. Ano passado, de acordo com a arquidiocese, a celebração de Corpus Christi levou mais de 30 mil fiéis às ruas do Centro de Campo Grande.

História da data

Corpus Christi é uma data especial para os católicos por ser o raro momento em que a eucaristia — Corpo de Cristo — é exposta fora da igreja, em caminhada pela cidade. Para os religiosos, é como se o próprio Jesus Cristo andasse entre os fiéis, por isso as ruas por onde as procissões passam são enfeitadas com tapetes coloridos.

No catolicismo, a eucaristia é um dos sete sacramentos e foi instituída por Jesus Cristo na última ceia. A história da criação da celebração da eucaristia passa por dois fatos misteriosos: a visão de Santa Juliana de Liege e o milagre eucarístico de Bolsena. 

De acordo com a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), em 1258 na Bélgica, a freira Juliana de Liege teve uma visão da Igreja sob a lua cheia com uma mancha negra. Ela, que já tinha veneração pelo Santíssimo Sacramento, interpretou como um pedido de Jesus para que a Igreja introduzisse a festa em honra à eucaristia no Calendário Litúrgico. 

A freira comunicou ao bispo da sua diocese, que anos depois se tornaria o Papa Urbano IV, e Corpus Christi passou a ser comemorada em toda a Bélgica. Contudo, a data só foi oficializada no calendário católico mundial em 1264, um ano após Urbano IV tornar-se papa. 

Foi neste ano que aconteceu o milagre de Bolsena, na Itália. A história da Igreja conta que um padre alemão, que duvidava da consagração do pão em corpo de Cristo durante a missa, viu a hóstia branca virar carne viva e escorrer sangue, banhando tecidos e a pedra do altar. O Papa Urbano IV ordenou que os objetos milagrosos fossem levados em procissão para Orviedo, na Itália, sede da Igreja na época. Esta foi a primeira procissão do Corpo Eucarístico.

Em 11 de agosto de 1264, o Papa Urbano IV publicou a bula Transiturus de hoc mundo, que estabeleceu a festa de Corpus Christi em todo o mundo. Ao longo dos anos, outros papas também destacam a importância da celebração e impõem indulgência — ou perdão dos pecados — a quem participar da missa e da procissão deste dia.